30.8.08

A Suprema Corte Eclesiástica


Visto que há correlação espiritual entre as igrejas locais, nenhuma igreja pode tomar rumo próprio com base no individualismo e, aproveitando-se de sua independência, decidir coisas a seu bel-prazer. Cada uma deve, antes, cultivar relação com as demais, buscando a concordância delas e trabalhando com vistas ao bem espiritual delas. Por outro lado, visto que cada uma é totalmente independente das demais, a decisão de uma igreja em dada localidade é absolutamente conclusiva. Não há instância superior para a qual apelar; o tribunal local é o supremo tribunal. Não há organização a cujo controle ela deva submeter-se, nem há organização sobre a qual ela exerça controle. Ela não tem superiores nem subordinados. Se alguém é recebido ou recusado por uma igreja local, o juízo dela sobre a questão deve ser considerado como absolutamente decisivo. Mesmo que a decisão esteja errada, tudo que se pode fazer é apelar que se reconsidere o caso. A igreja local é a suprema autoridade eclesiástica. Se outras igrejas fizerem objeção às decisões delas, tudo o que podem fazer é recorrer à persuasão e exortação. Não há caminho alternativo, pois a relação que existe entre as igrejas é puramente espiritual, não oficial.
Se um irmão que foi disciplinado em Nanquim muda-se para Soochow e ali prova ser inocente das acusações que pesam contra ele, nesse caso Soochow tem plena autoridade de recebê-lo, a despeito do juízo de Nanquim. Soochow é responsável por suas ações perante Deus, e não perante Nanquim. Soochow é uma igreja independente e, portanto, tem plena autoridade de agir como melhor lhe aprouver. Mas, por causa da correlação espiritual que tem com Nanquim, é bom que o irmão em questão não seja acolhido antes de se apontar para Nanquim o engano que ela cometeu ao julgá-lo daquela forma. Se a relação de Nanquim com o Senhor é correta, então ela prestará atenção ao que Soochow tem a dizer. Mas se ela recusar fazê-lo, Soochow não pode pressioná-la, pois, como igreja local, Nanquim é diretamente responsável perante o Senhor somente, e tem plena autoridade de decidir e agir independentemente de Soochow. Se as igrejas são espirituais, não há dificuldade na relação entre elas. Mas se não são, e surgem dificuldades, não devemos buscar resolvê-las interferindo na independência delas, pois isso foi ordenado por um Deus plenamente sábio.
A organização de uma igreja não é superior à da outra, nem a sua autoridade maior. Muitos cristãos consideram Jerusalém a igreja matriz, que possui autoridade suprema, mas tal conceito tem origem na mente humana, e não na Palavra divina. Toda e qualquer igreja é localmente governada e diretamente responsável perante Deus, e não perante outra igreja ou organização. Uma igreja local é a suprema instituição cristã na terra. Não há nenhuma outra acima dela a quem se possa apelar. Uma igreja é a mais inferior unidade bíblica, mas é também a suprema organização bíblica. As Escrituras não garantem nenhuma centralização em Roma que lhe possa dar autoridade sobre outras igrejas locais. Essa é a salvaguarda divina contra toda e qualquer infração dos direitos de Seu Filho. Cristo é a Cabeça da Igreja, e não há outra cabeça no céu ou na terra.
Deve haver correlação espiritual entre as igrejas se se quiser preservar o testemunho do Corpo, porém deve ao mesmo tempo haver absoluta independência de governo se se quiser manter o testemunho da Cabeça. Cada igreja está sujeita ao controle imediato de Cristo, e é diretamente responsável somente perante Ele.

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